sábado, 27 de outubro de 2007

Diálogos Atípicos

É demonstrativo de como a melancolia (e a tomada de consciênciada, da perda e da ausência) pode ser pano de fundo para uma melodia simples e bem construída.

música de: Scout Nibblet - Kiss

quarta-feira, 24 de outubro de 2007






Bem, sei que isto não vos interessa riigorosameente para naaaada!
Mas mesmo assim, aqui fica a minha abordagem a este pequeno excerto, magnífico, que nos põe a pensar um bocadinho sobre o nosso ser, sobre os "interesses" da nossa sociedade e claro, acima de tudo o AMOR.

Para mim, a Raposa pode, perfeitamente, ser uma mulher mais velha, mais vivida, que se deixa cativar, apaixonar, fascinar e prender pelo Principezinho.
A Raposa ensina-lhe a importância dos rituais para cativar alguém, a “ver com o coração” e que é o Tempo que consolida o amor.
É engraçado, pois há um pormenor muito importante: a Raposa não “brinca” com o Principezinho antes de “estar presa”, isto é, de estar apaixonada.
Para esta "mulher-raposa", os homens são predadores aos quais só importa possuir a presa (a raposa), para exibir como troféu de caça. Por isso ela prefere as galinhas - passivas.
Depois de seduzida, a raposa entrega-se sem reservas, apesar de saber que o Principezinho não a pode amar – porque já ama a sua rosa.
Para a raposa amar, por si só, vale a pena porque a lembrança do amor – no caso do Pequeno Príncipe,está na cor do trigo, dourado como os seus cabelos.
A "mulher-raposa" prefere amar a ser amada, mesmo que isso implique sofrimento.
A maior lição da Raposa é a de que somos responsáveis por aqueles que amamos e, sobretudo, por aqueles que cativamos, com quem criamos laços.


Agora, se ainda continuam a dizer que esta é uma história para crianças....

Principezinho...e a Raposa




Foi então que apareceu a raposa.
- Olá, bom dia! - disse a raposa.
- Olá, bom dia! - respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.
- Estou aqui - disse a voz - debaixo da macieira.
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - És bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.

(...)

- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Não estou presa...

(...)

- O que é que "estar preso" quer dizer - disse o principezinho?
- É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...

(...)

- Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.

- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.

(...)

- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...O principezinho voltou no dia seguinte.

(...)

Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho.
- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa.
- Por causa da cor do trigo...

(...)

E então voltou para o pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa.
- Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com aminha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste. Tu és responsável pela tua rosa...


(O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Hmmm....

Olá pessoal....
Eu sei...eu sei...
Sei perfeitamente, que este título é disparatado..e que não tem nada a haver!
Mas enfim...o que se há-de fazer!? Não aceitaram o gloriosíssimo título que eu tinha em mente para este rasquíssimo BLOG :( digam lá se não ficava muito melhor: genteindependente.blogspot.com!!!
Claro que ficava...agora: guardadorderebenhos.blogspot.com ?!? hein...?!?=S
"onde raio foi ele buscar esta ideia?!"

Em primeiro lugar...não! Não há rigorosamente erro nenhum!!
Ou melhor...haver até há! Porque não é assim que se escrever "rebenhos" :P mas sim "rebanhos"...maaas...também não sei sinceramente o que se passou! Mais uma vez não aceitaram o nome...Enfim...começo a pensar que "Isto é tudo uma cabala contra..."não contra o goberno...mas sim contra MIM!!!

O que Esperar deste Blog??
Sinceramente, não sei o que esperar...vamos la ver como vai correr esta coisinha...Provavelmente, irá ficar por aí perdida algures...triste só e abandonada :'( , mas tinha intenção de pelo menos falar sobre algumas coisinhas que eu goste, ou mesmo pensamentos que tenha, ou....sei la!! Qualquer coisa que surga...

ENFIM!!!

Guardador de Rebanhos


SOU UM guardador de rebanhos.
O rebanho são os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todas as sensações.
Penso com os olhos e com os ouvido
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
OLÁ, GUARDADOR de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?
"Que é vento e que passa,
E que ja passou antes,
E que passará depois,
E a ti o que te diz?"
"Muita coisa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras coisas
De memórias e de saudades
E de coisas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento
O vento só fala do vento
O que ouviste foi mentira
E a mentira está em ti."
Alberto Caeiro em "O Guardador de Rebanhos"