domingo, 7 de fevereiro de 2010

Aula 1 - O Vinho na Idade Média

Na Idade Média, já se pensava em grande em relação ao processo de fabrico dos vinhos, tendo também um grande cuidado em relação ao tratamento e acompanhamento da vinha, devido à chegada de doenças fatais como a moléstia, que nunca antes tinham sido vistos.

Por esta altura já se fazia a prática corrente de pisar as uvas, sendo que estas em vez de serem feitas em lagares de pedra, eram feitas em dornas de madeira ou em vasilhas de pouca profundidade.
Tendo sido a França a grande pioneira no que toca à produção de vinhos, é de admirar que já não se encontrem lagares de pedra, como podemos ver aqui em Portugal.

Após a colheita e a pisa, as uvas eram prensadas (aparelho que serve para prensar as uvas, retirando assim um maior volume de sumo da uva existente nos bagos). Prensas essas, demasiado caras para “um bolso normal”, sendo que apenas se poderiam observar estes equipamentos em Mosteiros pertencentes à igreja ou à nobreza.
Eram equipamentos que requeriam grandes investimentos de capital, sujeitos a problemas e a defeitos com os troncos das árvores mais altas da floresta das vizinhanças.

Já na Idade Média se pensava numa operação importantíssima para a produção de bons vinhos. Os lotes.
Os lotes servem para juntar vinhos de boa qualidade, ou quando se tem por exemplo um vinho bom, mas que falta alguma coisa. Então, junta-se esse vinho com outro vinho produzido. Os lotes são uma operação importantíssima para se fazerem vinhos equilibrados.
Já separavam também os vinhos gota (vinhos sem serem prensados) dos vinhos de prensa; e que estes vinhos de prensa não eram juntos aos vinhos de gota, devido a estes se tratarem de vinhos mais taninosos e agressivos, de modo que estes vinhos eram vendidos mais baratos, visto que na altura ainda não se tinha encontrado uma solução de “proteger” o vinho, aguentando assim menos tempo dentro das barricas. Mal o vinho estivesse pronto era logo enviado para o mercado para que os produtores não corressem o risco do vinho azedar e com isso perder dinheiro.

Foi em 1487, na Alemanha que se utilizou pela primeira vez legalmente o Enxofre no vinho (produto utilizado para proteger o vinho contra reacções de oxidação e proteger contra determinados microrganismos).
A quantidade utilizada era reduzida. Apenas 16.6g/860L. Eram aplicadas em aparas embebidas numa mistura de pó de enxofre, ervas aromáticas e incenso, que depois eram queimadas no interior da barrica vazia antes de encher.
A primeira licença na Alemanha estipulava apenas os 18,8mg/L, uma quantidade extremamente pequena relativamente ao que se adiciona hoje, 250mg/L.
Este número era tão improvavelmente baixo, que se suspeitava que tivesse sido engano no registo por escrito, ou então pela sua interpretação.

Os franceses apenas começaram a adicionar dióxido de enxofre no séc. XVIII. A partir daqui foi sempre utilizado, e por vezes em excesso.
Segundo um cidadão bolonhês, que editou uma obra em 1303, Petrus Crescentiis, já tinha ideias bem definidas sobre qual o vinho ideal. Não deveriam ser novos (um ano de idade), nem deveriam ser velhos, o que nos leva a concluir que o tipo de vinho ideal, era aquele que tivesse dois a três anos de idade.


Já Eiximenis, tinha a ideia sobre as qualidades ideais para um vinho, e é tão justo como rigoroso. Deve ser puro, fresco, forte, oloroso, com fragrâncias, bolhas e efervescente. Não deve ser fraco, insípido, untuoso, a saber a fumo e a ferro, nem deve ser susceptíveis a mutações, amargo, esverdeado como o mel e não ter o sabor à vasilha.

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