Resolvo finalmente, ao fim de todos estes anos, escrever-te uma carta. Escrever-te um textozinho a libertar-me. A separar-me de ti. E sabes porquê?
Porque sei que me vizitas todas as noites, mesmo quando fecho todas as portas dos armários a sete chaves e mesmo quando vejo milhares de vezes de baixo da cama a ver se te escondeste por lá.
Sei que sais e que entras, porque consigo ouvir um sussurrar e a porta a chiar. consigo sentir-te porque sinto um sopro leve a encostar à minha face. E quando isso acontece, acho que o meu coração se entristece. Enche-se de uma alegria diferente. Uma alegria monótona. Uma alegria cinzenta que se alastra por todo o corpo.
E sabes que mais? Quando apareces, não tenho coragem de abrir os olhos, porque tenho medo de não os conseguir fechar. Ou talvez pior ainda...de não o querer fazer!! De não os querer fechar.
O frio que se entranha nos meus lençóis, na minha cama, no meu corpo...é tudo insuportável e perco-me num sono longínquo que parece querer-se perder. Fugir.
Porque te escrevo? Não sei...talvez para me deixares dormir em paz e com o calor na minha cama gerado pelo meu corpo bem aconchegadinho.
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